5 de ago. de 2022

A mulher na Bíblia

A MULHER NA BÍBLIA: ONTEM E HOJE AS ESCRITURAS SÃO SUPRACULTURAIS E ATEMPORAIS. 

Isso significa que seu conteúdo pode ser comunicado a todas as pessoas, de todas as culturas e em todas as gerações. O último livro a compor a Bíblia foi escrito no final do primeiro século, o que representa uma distância de quase dois milênios dos nossos dias. Num mundo em constante mudança, essa distância temporal faz que a maneira de encarar os aspectos culturais e linguísticos da época em que os fatos e relatos bíblicos aconteceram se perca em um passado distante e contribui para interpretações erradas a respeito de costumes, doutrinas e práticas. Por isso é essencial proceder sempre à interpretação e à contextualização da Bíblia, o que ajuda a transpor esse distanciamento. Contextualizar é tentar comunicar e viver a mensagem, o trabalho, a palavra e o desejo de Deus de forma fiel à sua revelação e de maneira significante e aplicável aos distintos contextos, sejam culturais sejam existenciais. É o desafio de viver e comunicar a Palavra de forma teologicamente fiel e, ao mesmo tempo, humanamente inteligível e relevante — permitindo que as verdades das Escrituras definam o ser humano e o levem a compreender o Cristo histórico e bíblico. Ao ler os livros da Bíblia, é essencial, para o entendimento mais adequado e melhor da mensagem, recuperar sempre as circunstâncias em que foram escritos, pois eles atendiam a determinadas situações e a um contexto histórico específico. Ao serem incluídos no cânon bíblico, passaram a ser relevantes e aplicáveis a todas as pessoas e à Igreja no mundo, em todas as gerações. E serão até a volta de Jesus. Os homens que escreveram a Bíblia viveram em um mundo que já não existe. Suas tradições, as cosmovisões que moldavam seus valores, as decisões e percepções da vida, os costumes e as características pessoais da época são bem diferentes dos nossos. Muito embora a inspiração das Escrituras garanta que sua mensagem se aplique a todas as épocas, não podemos esquecer que ela foi registrada numa determinada cultura. Portanto, ao contextualizar não podemos desconsiderar como as pessoas daquele tempo escreviam e expressavam seus conceitos, e ilustravam as verdades. Ao perceber isso, podemos transpor a distância cultural para a contextualização adequada em nosso tempo. A nossa interpretação da Bíblia determinará nossas crenças — e essas crenças determinarão como pensamos, nos comportamos e agimos no relacionamento com Deus, com a família e com a sociedade. A Bíblia foi escrita por diversos autores, em diferentes épocas, mas ganha vida em qualquer geração e cultura. Isso acontece porque ela é viva. Não se trata, simplesmente, de um livro com histórias. Ao ler as Escrituras nos sentimos revigoradas; elas nos falam ao coração, nos mostram quem Deus é e nos confrontam com os nossos pecados. Ao mesmo tempo, nos conduzem à redenção e às bênçãos restauradoras. O mais importante no processo de contextualização é a presença do Espírito Santo, que nos orienta e ensina a aplicar a Palavra ao nosso contexto de vida.

QUANDO LEMOS EM GÊNESIS O RELATO DA CRIAÇÃO, vemos que a mulher foi criada para dedicar-se a Adão, para minorar-lhe a solidão e o sofrimento. Um complementaria o outro. A despeito de Adão estar em um estado de sono profundo enquanto a mulher era criada por Deus, ao acordar, ele se deu conta de que estava diante de alguém cuja alma e corpo pareciam-se com os dele, e por isso denominou-a mulher. A palavra hebraica usada para designar mulher (ishshah, derivada de ‘iysh, homem) aponta para a sexualidade da mulher enquanto fêmea da mesma espécie do homem, para sua posição de esposa, correspondente afetiva dele, e para sua função de auxiliadora do homem. Ao longo da história, esse tem sido o papel das filhas de Eva: ensinar aos filhos e aos demais a alegria da doação e da sujeição ao outro, implementando no coração de todos um desejo de doar-se. Assim foi e assim é. Para a mulher de hoje redescobrir sua essência, precisa despertar em seu coração inteligente sua maravilhosa capacidade de amar, de entender e de dedicar-se ao outro, além de si mesma; deve resgatar seu caráter, sua dignidade, sua moral, sua força e seus talentos, ou seja, deve perceber sua natureza e pôr em prática tudo que Deus lhe concedeu para cumprir sua missão de amar e ser amada. Quando falamos de mulher e de sua essência, referimo-nos a um ser humano física, emocional e psiquicamente diferente do homem; a alguém cuja existência revela o amor e a sabedoria do Deus que criou todas as coisas com perfeição e objetivos bem definidos. A mulher, ao avaliar-se, descobre que é especial para Deus, pois foi criada à imagem e semelhança dele e, por intermédio de Jesus, foi resgatada por um alto preço — o sangue do Unigênito de Deus. Como esposa, a mulher é especial para o homem, pois foi criada para ser sua companheira, eliminar sua solidão, gerar e cuidar de seus descendentes. Na condição de mãe, a mulher é especial para o reino de Deus e para a sociedade, pois contribui como cogenitora e educadora da família, a célula mater da sociedade. Como serva de Deus, ela é responsável por anunciar as boas-novas de salvação em Jesus Cristo, levando outros a encontrar o perdão e a restauração de sua comunhão com Deus. E, finalmente, como cidadã que vota, trabalha e paga impostos, contribui na manutenção do bem-estar social. O valor de uma pessoa não depende das riquezas materiais que ela possua, de sua formação acadêmica, de sua beleza exterior, mas de seu caráter e de sua obediência amorosa aos princípios que Deus estabeleceu para a vida. Cada pessoa foi criada à imagem e semelhança de Deus; é única, rara e especial para ele. Sendo a mulher sócia do homem no casamento, se ela se tornar rebelde contra os propósitos para os quais foi criada — ser a correspondente afetiva, sexual e social do homem —, descumprirá o plano de Deus, arriscando-se a perder a si e a sua família, por causa de sua desobediência e rebeldia. Não aja assim, seja como Maria, a mãe de Jesus, que disse ao anjo de Deus: “Sou serva do Senhor. Que aconteça comigo tudo que foi dito a meu respeito” (Lc 1.38). Ela foi a mais bendita entre todas as mulheres porque foi humilde e submissa à vontade do Eterno.

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