27 de jul. de 2022

Dias de hoje...

Manhã de verão 

Já é dia. As pálpebras estão pesadas, como dois pedaços de concreto. Ela abre os olhos devagar. O quarto está semi-iluminado… Já deve passar das dez, porque o sol tenta penetrar as frestas da janela. Faz calor. Ainda deitada, ela olha para os feixes de luz que adentram o quarto, faz cara feia e gira o corpo para o lado oposto. Então encara a parede cinza e descascada no canto esquerdo do quarto. Ela não quer pensar em nada. Lentamente, ensaia levantar da cama. Para quê? Por quê? Então estica as pernas, vira de barriga para baixo e cobre a cabeça com o edredom. Tudo escuro outra vez. O calor da coberta a afoga. Ela puxa o edredom para baixo para poder respirar. Tira os cabelos do rosto vermelho e suado. Não tem sono, mas ainda não consegue sair da cama. Com muito esforço, ela se dobra toda e se senta. Enrolada no edredom, como num casulo de borboleta, ela pensa no que fazer. Olha para a janela, para a parte iluminada do quarto. Imagina o que há lá fora. No fundo, ela se sente completamente deslocada e perdida, como se o mundo já não fosse para ela, como se a normalidade da vida fosse uma realidade paralela, à qual ela não pertence. Sair da cama, tomar um banho, vestir uma roupa limpa, comer alguma coisa. São coisas tão comuns… e parecem tão fáceis para os outros. Mas ela sente que não tem forças para continuar ou reagir. Sentada, ela olha para a parede, enquanto seu estômago se revira todo. Ela põe a mão na barriga dolorida e pensa em caminhar até a cozinha e buscar algo para comer. Mas de novo vem a dúvida: “Para quê?” “Por quê?” Ela olha para si, usando o mesmo moletom das últimas noites, embora essa tenha sido particularmente quente. Não se sente bem. Então decide levantar. Inerte, caminha, quase sem tirar os pés do chão. Afaga o gato, que contorna seus calcanhares à procura de carinho. Sorri. O miado do animal quase a tira do estado de apatia em que ela se encontra. Ela continua pelo corredor. A dor não é só o estômago vazio. Ela toda se sente vazia, sem esperanças, como se as lutas cotidianas, os desafios do dia a dia, as pressas costumeiras, os sonhos e as ambições, nada disso importasse mais. Em frente à geladeira, olha para a embalagem de leite pela metade e o pedaço de pizza frio. Pensamentos assustadores atravessam sua mente. Há qu leia essa história e pense: É só uma fase; É só tristeza; Há quem diga: Vai passar. Deixa que passa. Ou que o tempo cura todas as coisas e que, naturalmente as pessoas melhoram. Há outras pessoas que culpam quem se sente assim. 
Esquece tudo isso!
O estado de desesperança a que muita gente, como essa jovem, chega precisa ser levado a sério. Quando alguém independente do motivo, começa a questionar o motivo de estar vivo, é preciso dar atenção e fazer alguma coisa.
A Bíblia nos fala de um personagem que expressou, inúmeras vezes e de formas bem intensas, o seu desespero. Embora jamais tenha atribuído a Deus a sua condição, ele não queria seguir sofrendo __ nem no corpo e nem na alma.
Esse personagem foi Jó.
A Bíblia nunca disse que as pessoas, sejam elas quem forem, estão livres do sofrimentos.
É um equívoco pensar assim. Parte da experiência humana é aceitar a inevitabilidade do sofrimento em algum momento da vida e contar com o apoio de Deus e das pessoas que estão ao seu redor para vencer essa situação. 
O que a PALAVRA DE DEUS diz é  que todo aquele que busca, encontra, e a quem bate, a porta será aberta. Se precisarmos de apoio, podemos pedi-lo. Busquemos entes queridos ou amigos; busquemos ajuda especializada; compartilhe-mos o que está dentro do peito.
Os amigos de Jó o julgaram, culpando-o por sua situação.  Mas a história nos mostra que eles estavam completamente enganados.

Se você está vendo alguém nessa situação, mas que não consegui se aproximar e pedir ajuda, tome a iniciativa. Ofereça o seu ombro, e seu apoio sem acusações. Não seja como os amigos de Jó. Ouça, não julgue.

" O amigo ama a todo tempo, e na angústia nasce o irmão."
Provérbios 17:17 NAA.